Notas Tapuias e Neerlandeses: revisões históricas e novas fronteiras na pesquisa colonial 24 de outubro de 2024 | 8h00 às 10hNo seminário mais recente, Mariana Françozo apresentou o livro The Tapuia of Northeastern Brazil in Dutch Sources (1628–1648), organizado em conjunto com Martijn van den Bel e publicado em 2023 pela editora Brill. A obra é a tradução para o inglês de uma coletânea de documentos holandeses do período em que a Companhia das Índias Ocidentais (WIC) ocupou o Nordeste brasileiro (1630–1654). Durante o encontro, foi mencionado que já estão em andamento os preparativos para uma versão em português, a ser publicada pela editora Hedra. O projeto envolveu um longo trabalho de transcrição de fontes, iniciado em 2016, e se insere em um contexto de crescente interesse pela presença holandesa nas Américas. O principal objetivo dos organizadores foi revisitar essas fontes históricas para uma melhor compreensão das ações e do papel dos indígenas Tapuia durante o domínio holandês no Brasil, sem, contudo, assumir uma “perspectiva indígena”. A força da publicação reside em seu potencial de tornar essas fontes amplamente acessíveis e proporcionar uma releitura do período a partir de documentos da época, alguns dos quais já haviam sido traduzidos para o português no século XIX. Durante o encontro, levantou-se a questão de como abordar a relação entre indígenas e holandeses para além do período de ocupação neerlandesa no nordeste. Perguntou-se, por exemplo, qual foi o destino dos Tapuia após a expulsão dos holandeses, em 1654, e quais fontes poderiam ajudar a reconstituir experiências anteriores dos Países Baixos na América portuguesa. Algumas pistas para seguir com essa investigação podem ser encontradas nos esforços missionários do padre Antonio Vieira na Serra de Ibiapaba e na breve, porém significativa, presença holandesa em São Luís do Maranhão no início do século XVII. Outro ponto importante discutido foi a concepção e evolução do termo “Tapuia”. Os pesquisadores destacaram a necessidade de uma reflexão mais aprofundada sobre a criação e transformação do termo ao longo dos séculos, além de seu papel estratégico na definição de identidades indígenas contemporâneas. As discussões no seminário estimularam os pesquisadores a refletirem sobre a necessidade de superar diversas barreiras — cronológicas, linguísticas, territoriais e historiográficas — para melhor compreender os cenários complexos de interação entre diferentes atores sociais, incluindo os próprios indígenas. O trabalho coletivo desempenha um papel fundamental nesse processo: a colaboração interdisciplinar e o diálogo entre especialistas de áreas diversas ampliam o escopo das investigações e permitem o surgimento de novas perspectivas sobre a agência indígena e os contextos coloniais. Essa reflexão levou também à formulação de um problema que será tema do próximo encontro: como definimos, muitas vezes de forma antecipada, os territórios com os quais trabalhamos? Quais as implicações dessas predefinições, e como podemos evitar naturalizá-las em nossas pesquisas?
As múltiplas histórias e os caminhos da mandioca
Discussão da pesquisa de Joana Cabral de Oliveira, professora do Departamento de Antropologia da Unicamp, que há anos trabalha com os povos Waijapi e, mais recentemente, vem coletando histórias sobre a mandioca.
Com quantas pessoas se faz uma floresta? Perspectivas cruzadas
Nesse encontro, destacou-se o entusiasmo pelas perspectivas cruzadas entre arqueologia, história e antropologia para o desafio de mensurar impactos populacionais do colonialismo moderno na Amazônia.
Como fazer uma história etnográfica da Amazônia
No encontro, Mickael Orantin, pesquisador na École des hautes études en sciences sociales (EHESS-Paris), apresentou seu trabalho intitulado “Sociedade e trabalho nas missões jesuitas do Paraguai (sec. XVII-XVIII): perspectivas cruzadas desde a historia e a antropologia”.
O trabalho indígena nas missões jesuíticas do Paraguai
No encontro, Mickael Orantin, pesquisador na École des hautes études en sciences sociales (EHESS-Paris), apresentou seu trabalho intitulado “Sociedade e trabalho nas missões jesuitas do Paraguai (sec. XVII-XVIII): perspectivas cruzadas desde a historia e a antropologia”.
Quantificando populações indígenas do período colonial
Na ocasião, a professora Ana Silvia Volpi Scott, professora do departamento de demografia da Unicamp, e Dario Scott, também especialista em demografia histórica, comentaram a primeira versão de um artigo que Camila Loureiro Dias, Fernanda Bombardi e Eliardo Costa estão escrevendo sobre demografia indígena na Amazônia dos séculos XVII e XVIII.
Nova perspectiva: práticas agrícolas na Amazônia colonial
O encontro teve como texto-base a dissertação de mestrado de Talles Manoel da Silva, “Conhecimentos indígenas e o cultivo de gêneros naturais da terra no Estado do Maranhão e Grão-Pará, 1670-1757”, defendida em 2023 na Unicamp. O texto foi comentado pela professora do departamento de antropologia da Unicamp, Joana Cabral de Oliveira.