Notas

Mandioca e poder colonial: um diálogo entre história e antropologia

05 de maio de 2025 | 9h30 às 11h30
Nesse encontro, os pesquisadores do projeto discutiram dois textos em produção, dando impulso a uma reflexão interdisciplinar entre história e antropologia a respeito da mandioca e suas transformações em contexto colonial. Os participantes destacaram como ambos os textos revelam a captura e transformação de saberes indígenas, mostrando que práticas agrícolas tradicionais foram reconfiguradas para atender aos interesses coloniais, seja pela reocupação de terras para culturas comerciais, seja pela transformação da mandioca em grãos (farinha), com maior facilidade de estocagem e controle.

Os pesquisadores abordaram como o texto “Terras cansadas, trabalhadores inúteis”, de Camila Dias e Talles Silva, evidencia o impacto colonial sobre o uso do solo, onde práticas indígenas de regeneração (pousio) foram substituídas por um sistema contínuo de exploração agrícola na Amazônia colonial. A distinção entre trabalhadores indígenas considerados “úteis” e “inúteis” também foi mencionada como uma expressão da lógica colonial de aproveitamento da força de trabalho, reorganizando tanto a paisagem quanto as relações sociais.

Já o texto “Mandioca em grãos”, de Joana Cabral de Oliveira, recuperando distintos contextos, aprofundou a análise da transformação da mandioca em um produto essencial para o controle colonial e estatal, ressaltando sua importância como alimento armazenável e fiscalizável. O debate explorou como essa conversão da mandioca em farinha atendeu à necessidade de centralização e controle, sustentando expedições, alimentando trabalhadores escravizados e apoiando o comércio colonial. 

Dessa conversa, foram elencadas algumas questões a serem aprofundadas no âmbito do projeto: como o processo colonial afetou o sistema de regeneração da floresta, rompendo seu ciclo natural; de que forma a colonização se expandiu sobre os rastros indígenas, intensificando essa ocupação com o tempo; como técnicas agrícolas indígenas foram apropriadas e transformadas para atender a interesses comerciais e imperiais; e como reconhecer a presença e importância dos conhecimentos indígenas, mesmo em contextos de espoliação e controle. Também se destacou o desafio de entender a dualidade entre apropriação colonial e situações de coesão social, autonomia e autodeterminação proporcionadas pelo cultivo da mandioca.
Investigamos o impacto socioambiental do colonialismo moderno na amazônia

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Esta página web foi realizada com o auxílio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O conteúdo é de responsabilidade do projeto “Entre um passado profundo e um futuro iminente: ação humana e impacto ambiental do colonialismo moderno na amazônia (séculos XVI-XVIII)”, e de modo algum se deve considerar que reflita a posição da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Auxílio à Pesquisa – Proposta Inicial Processo n. 2022/02896-0.

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