Notas

Uma nova perspectiva sobre práticas agrícolas na Amazônia colonial

25 de março de 2024 | 8h30 às 10h
O encontro teve como texto-base a dissertação de mestrado de Talles Manoel da Silva, “Conhecimentos indígenas e o cultivo de gêneros naturais da terra no Estado do Maranhão e Grão-Pará, 1670-1757”, defendida em 2024 na Unicamp. O texto foi comentado pela professora do departamento de antropologia da Unicamp, Joana Cabral de Oliveira.

Na reunião, foi discutida a importância de repensar as prática agrícolas na Amazônia colonial, desafiando a visão tradicional que a compara com o modelo da plantation. Essa perspectiva desconsidera a complexidade das práticas agrícolas desenvolvidas na região, onde os limites entre coleta, domesticação e agricultura eram mais fluidos do que se imagina. Evidências arqueológicas e etnográficas indicam que, embora não tenham sido desenvolvidas práticas agrícolas tradicionais, a coleta e a domesticação de plantas desempenharam um papel central na vida dos povos indígenas pré-colombianos. A Amazônia, longe de ser apenas um espaço de coleta, foi um dos maiores centros de domesticação de plantas no mundo, com a mandioca como um exemplo emblemático.

Durante o período colonial, a mandioca, que havia sido domesticada na região do Purus, transformou-se na base da alimentação colonial, principalmente na forma de farinha que sustentava expedições pelo sertão. No entanto, é importante observar que, no período pré-colonial, a alimentação indígena era muito mais diversificada, composta por uma variedade de espécies. A introdução do machado de ferro facilitou a expansão da agricultura e o processamento da mandioca, que então assumiu um papel central na dieta das populações coloniais, e é ainda hoje amplamente consumida, não só no Brasil, mas em diversas regiões do mundo. Essa transformação aconteceu profundamente influenciada pelo contato colonial e pelas demandas econômicas e sociais impostas pelos colonizadores.

Além da mandioca, outros produtos amazônicos, como o cacau, também fazem parte dessa história. O cacau, que não era cultivado diretamente, teve sua distribuição pela floresta moldada pela presença indígena, configurando a paisagem e ajudando a traçar o caminho das expedições coloniais. Esses processos mostram como as práticas indígenas e coloniais se influenciaram mutuamente, ainda que a historiografia tenha negligenciado essa interação. Hoje, tanto a antropologia quanto a arqueologia reconhecem o papel dos povos indígenas na conformação da biodiversidade amazônica e na construção de um conhecimento sofisticado sobre o meio ambiente, que pode ser descrito como uma ciência ecológica profundamente enraizada em práticas ancestrais.
Investigamos o impacto socioambiental do colonialismo moderno na amazônia

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Esta página web foi realizada com o auxílio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). O conteúdo é de responsabilidade do projeto “Entre um passado profundo e um futuro eminente: ação humana e impacto ambiental do colonialismo moderno na amazônia (séculos XVI-XVIII)”, e de modo algum se deve considerar que reflita a posição da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Auxílio à Pesquisa – Proposta Inicial Processo n. 2022/02896-0.
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